sexta-feira, 8 de julho de 2011

A MENSAGEM DO REINO DE DEUS



Textos: Mc. 1.15 – Mc. 1.14,15; Mt. 5.3-12; Rm. 14.17
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OBJETIVO: Mostrar que o comportamento do cristão dever ser pautado pela mensagem do Reino de Deus.

INTRODUÇÃO: O Reino de Deus se revela em Cristo, uma Pessoa, o próprio Rei. Mas para ser súdito desse Reino é preciso conhecer e obedecer a Sua mensagem. Por isso, no estudo desta semana, veremos a respeito dos ensinamentos essenciais àqueles que fazem parte do Reino de Deus. A princípio, destacaremos que esse é um Reino espiritual, em seguida, abordaremos a mensagem desse Reino, e por fim, o significado espiritual desse Reino para os cristãos de todos os tempos.

1. O REINO DE DEUS É ESPIRITUAL: Ao longo da história, a igreja confundiu-se sempre que acreditou que o Reino de Deus era material. No Século IV, por ocasião da constantinização do cristianismo, e por conseguinte, do romanismo, alguns cristãos se empolgaram com a implantação da religião cristã através do Império. O resultado consta nos anais da história e entristecem a todos aqueles que amam a verdade do Evangelho de Cristo. A igreja que deveria influenciar o mundo, como sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13-16), deixou-se conduzir pelos benefícios estatais, e, por fim, redeu-se totalmente às barganhas do poder temporal. Jesus sabia muito bem que a relação igreja-estado precisa ser bem demarcada. A igreja precisa influenciar o Estado, mas não pode confundir-se com ele. O Estado sempre terá interesse de ter domínio sobre a Igreja, a fim de diminuir sua força profética. Por esse motivo o Senhor declarou para Pilatos: “O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui” (Jo. 18.36). Os valores do Reino de Cristo não se afinam com aqueles apresentados pela política secular. Os políticos agem por meio da barganha, ao invés de se comprometerem com o próximo (Lc. 9.57-62). Os políticos não amam pessoas, vêem apenas potenciais eleitores, tudo fazem na expectativa do retorno, de receberem um voto em troca, não há graça, pois não existe favor imerecido, não há possibilidade para o perdão (Mt. 18.26,27). Os políticos tudo fazem para aparecer, dependem da projeção pessoal (Mt. 20.20-28), da visibilidade que dão ao que produzem, caso contrário, não conseguirão votos, por isso, não são humildes, uma das características dos cidadãos do Reino de Cristo (Mt. 18.4). O Reino de Deus é um governo espiritual, nada tem a ver com os governos humanos. Mesmo assim, devemos contribuir com a sociedade na qual estamos inseridos, e orar pelos representantes democraticamente eleitos (I Tm. 2.1,2), e quando for o caso, nos opormos quando ferirem aos princípios do Reino (At. 5.29), não apenas no tocante à agenda moral, mas também à social, esta geralmente esquecida pelos cristãos.

2. A MENSAGEM DO REINO DE DEUS: Não podemos apartar o Reino da mensagem do Rei Jesus, a Pessoa de Cristo é fundamental à constituição do Reino, mas não podemos desprezar Seus ensinamentos, caso contrário, reduziremos a fé cristã a puro subjetivismo e experiencialismo religioso. Os princípios do Reino de Deus estão registrados nas páginas dos evangelhos, especialmente no Sermão do Monte, nos capítulos 5 a 7 do Evangelho segundo Mateus. No capítulo 5, versículos 3 a 12 o Senhor Jesus destaca algumas características dos súditos do Reino:
1) Pobreza de espírito – a riqueza é um empecilho para entrar no Reino de Deus (Mt. 19.16,17), mas existem aqueles que são ricos, mesmo sendo pobres, isto é, estão imbuídos do espírito de grandeza, não têm humildade para reconhecerem a necessidade de Cristo;
2) Choro pela condição – para entrar no Reino, é preciso reconhecer a condição espiritual na qual se encontra nascer de novo (Jo 3.3), chorar diante de Deus, arrepender-se dos pecados, receber o consolo através do perdão;
3) Mansidão – esse é um dos aspectos do fruto do Espírito (Gl. 5.22), diz respeito à disposição espiritual para reder-se a Deus, não buscar represálias pela força humana, estar disposto a perdoar aqueles que causam dano, Jesus é o grande exemplo, Ele disse ser manso e humilde de coração (Mt. 11.29);
4) Famintos e sedentos de justiça – no mundo campeia a injustiça, as pessoas agem em conformidade com seus interesses egoístas. O pobre é menosprezado, suas necessidades são desconsideradas, os súditos do Reino de Deus não podem compactuar com tais atitudes, deve clamar por justiça (Tg. 5.4), mas não podem esquecer que também são pecadores, carentes da justificação de Deus em Cristo, para salvação dos pecados (Rm. 3.24-26);
5) Misericordioso – disposição para não levar em conta a ofensa do outro, deixando de tratá-lo como merece (Cl. 3.13; Ef. 4.32), antes demonstrando misericórdia, lembrando que devemos perdoar, pois também fomos perdoados (Lc. 6.37; Tg. 5.9);
6) Pureza de coração – a justificação através do sacrifício vicário de Cristo é a base para a pureza de coração, ninguém pode ser santo, a menos que tenha sido justificado (Hb. 9.14; I Jô. 1.6,7), mas isso não deva isentar o súdito do Reino da busca pela santificação (Gl. 5.16; Hb. 12.14);
7) Pacificadores – os súditos do Reino não promovem a guerra, nem mesmo as chamadas guerras “justas”, agem sempre com vistas à pacificação, pois nosso Deus é de Paz (Hb. 13.20) que em Cristo nos reconciliou com Ele mesmo (II Co. 5.19,20) e nos dá a Sua paz, que o mundo desconhece (Jo. 14.27), e que é aspecto do fruto do Espírito (Gl.s 5.22); 8) perseguidos – os súditos do Reino não temem a perseguição, pois sabem que essa é uma consequência do discipulado (Jo. 7.7; 15.19; II Tm. 3.12), mas não devem desanimar (I Pe. 3.14), antes alegrarem-se, certos do galardão nos céus (Mt. 5.12).

3. O SIGNIFICADO DO REINO DE DEUS: Vemos, desde o estudo passada, várias definições de Reino, mas cabe ainda perguntar: O que é o Reino de Deus, e mais importante ainda: qual o significado do Reino de Deus? Paulo responde em Rm. 14.17: “Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. Esse versículo precisa ser compreendido no contexto da passagem, na qual o Apóstolo trata sobre a liberdade cristã diante das censuras entre os crentes do primeiro século, sobre o que poderiam ou deveriam deixar de comer. Ele destaca, como em I Co. 8.8, que o que comemos ou deixamos de comer não nos caracteriza como partícipes e súditos do Reino de Deus. Na verdade, algumas práticas religiosas e legalistas existentes em algumas igrejas, apenas servem para desvirtuar o verdadeiro significado da fé cristã (Hb. 9.10; 13.9), em alguns casos, servem apenas para a ostentação humana, pura carnalidade (Cl. 2.21-23). O significado do Reino de Deus é:
1) Justiça – o pecador recebe a justificação em Cristo quando se arrepende dos seus pecados (Rm. 3.21-25; 5.1; 8.33,34). É o Espírito Santo, por meio da Palavra, que convence o homem e a mulher do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16.8). A justiça dos homens é falha, muitos veredictos são dados contra os mais pobres e necessitados, para beneficiarem os poderosos;
2) Paz – em virtude da justiça de Deus, podemos ter a paz que excede a todo e qualquer entendimento (Fp. 4.7), antes estávamos distanciados de Deus, por causa dos pecados, mas Ele, pela Sua graça, nos atraiu para Si (Rm. 5.1-3), resultante dessa paz, podemos, agora, ter paz uns com os outros (Rm. 12.18; Hb. 12.14) e com nós mesmos (Cl. 3.15);
3) Alegria – o fundamento da alegria, tal como o da paz, é o Espírito Santo, produzindo o Seu fruto em nós (Gl. 5.22), tal fruto é cultiva a partir do relacionamento com o Pai (II Pe. 3.1; 4.4,10). Mesmo em meio às provações, na Prisão em Roma, Paulo escreveu uma Epístola aos Filipenses, comumente denominada de Carta da Alegria, apesar de tudo, Ele se regozijava no Senhor (Fp. 4.4).

CONCLUSÃO: Os súditos do Reino de Deus precisam estar atentos à mensagem do Reino, cuidando para que essa não se transforme em meras exterioridades. O Reino de Deus não é uma religiosidade fundamentada na aparência, não é constituída pelo poder mundano. O Reino de Deus é Espiritual, portanto, deve ser assumido como tal. Todos aqueles que são cidadãos do Reino de Deus passaram pela experiência do novo nascimento e vivem como filhos de Deus, em justiça, paz e alegria, sendo, por esse motivo, bem-aventurados, isto é, mais do que felizes, mesmo em meio às perseguições. PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

O PROJETO ORIGINAL DO REINO DE DEUS



Textos: Mt. 6.33 – Mc. 4.1-3,10-12; Lc. 17.20,21
e-mail: irmaoteinho@irmaoteinho.com
Twitter: cdkm

OBJETIVO: Ensinar aos cristãos que o Reino de Deus consiste em uma vida de amor, justiça, devoção, paz e alegria no Espírito Santo.

INTRODUÇÃO: Estudaremos a respeito da Missão Integral da Igreja. Teremos a oportunidade de aprendermos sobre a igreja no contexto do Reino de Deus. No estudo desta semana mostraremos algumas das diversas interpretações do Reino de Deus e sua fundamentação bíblica no Antigo e Novo Testamento. Esse é um tema importante a ser estudado, considerando que o Reino de Deus constituiu-se na mensagem central de Jesus (Mc. 1.14,15; Mt. 4.23; Lc. 4.21).

1. REINO DE DEUS: INTERPRETAÇÕES: Ao longo da história do pensamento teológico surgiram diversas interpretações em relação ao conceito de Reino de Deus. De Agostinho até o período da Reforma Protestante predominou a interpretação de que o Reino de Deus estava circunscrito à Igreja. Depois desse período, a concepção de Reino passou a ser ampliada. Os estudiosos da Bíblia depois da Reforma assumiram que a Igreja constitui o povo do Reino, mas não pode ser identificada com o Reino. Na perspectiva liberal, Adolf Harnack defendia que o Reino de Deus é totalmente apocalíptico, algo que está sempre porvir. Enquanto outros, de tendência mais existencialista, enfatizaram o Reino de Deus como algo meramente experiencial, isto é, uma identificação religiosa do indivíduo com o Reino. Um dos defensores desse ponto de vista foi Rudolf Bultmann, considerando que o verdadeiro significado do Reino deveria ser compreendido em termos de proximidade e exigência de Deus. Johannes Weiss associa o Reino de Deus com os apocalipses judaicos. Para ele, o Reino somente se dará no futuro, quando Jesus reinar sobre a terra. Esse pensamento também foi assumido por Albert Schweitzer que a interpretou em termos escatológicos. Para C. H. Dodd, o Reino de Deus é descrito em linguagem apocalíptica, mas que adentrou a história através da missão de Jesus. Em Cristo tudo o que havia sido profetizado se concretizou na história, assumindo uma “escatologia realizada”. W. G. Kümmel entendeu que o significado primário do Reino de Deus é eschaton – a nova era, análoga à do apocalipse judaico. Contrário ao pensamento da “escatologia realizada” de Dodd, Joaquim Jeremias propôs uma “escatologia em processo de realização”. Para ele, a mensagem de Jesus a respeito do Reino de Deus e seus milagres irromperam na história, mas é preciso aguardar a manifestação plena desse Reino. A tendência bíblico-teológica comumente assumida nesses últimos tempos, inclusive pelas alas dispensacionalistas, é a de que o Reino de Deus (e dos Céus) é algo em processo, uma tensão entre presente “o já” e o futuro, o “ainda não” (I Jo. 3.2).

2. O REINO DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO: Ainda que a expressão “Reino de Deus” não ocorra no Antigo Testamento, ela é pressuposta em toda a mensagem profética. O Antigo Testamento está repleto de alusões à soberania real de Deus, existem várias referências que o caracterizam como Rei de Israel (Ex. 15.19; Nm. 23.21; Dt. 33.5; Is. 43.15) e de toda a terra (II Rs. 19.15; Is. 6.5; Jr. 46.18; Sl. 29.10; 99.1-4). Algumas referências apontam para o dia em que Ele governará sobre o povo (Is. 24.23; 33.22; 52.7; Sf. 3.15; Zc. 14.9). De tais passagens concluímos que Deus é “já” Rei, mais chegará o momento em que Ele finalmente “se tornará” Rei, ou melhor, manifestará a Sua glória real ao mundo. A linguagem profética aponta para uma revelação plena de Deus na história, quando o projeto original de Deus, em relação ao Seu Reino, será concretizado completamente. O Reino de Deus é uma esperança, pois o Senhor, no final dos tempos, manifestará Sua soberania sobre todas as nações. Na literatura rabínica, o conceito de Reino de Deus também tem uma conotação apocalíptica, enfatizando a esperança pela sua concretização plena. Nos livros apócrifos de Enoque e Salmos de Salomão a ênfase é posta exclusivamente no futuro, distanciando-se do sentido de atuação de Deus no presente. Essa tendência judaica tende ao pessimismo em relação ao tempo presente, resultando, às vezes, em escapismo. Os adeptos dessa perspectiva acreditam que resta a este tempo presente somente sofrimento e aflição, a glória somente se revelará no futuro, já que a era presente estaria entregue aos poderes malignos. Esse mesmo pensamento era partilhado pela Comunidade de Qumran, que aguardava a descida dos anjos, que se juntariam aos “filhos da luz” para a luta contra os inimigos, “os filhos das trevas”. Para os Zelotes, líderes judaicos radicais do Primeiro Século, o Reino de Deus deveria ser imediato, resultado de uma intervenção armada.

3. O REINO DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO: O Reino de Deus no Novo Testamento é expresso pelos teólogos a partir da expressão grega “basileia tou theou”. O termo grego basileia (Reino) está relacionado ao hebraico malkuth que aponta para o futuro (eschaton) que tem o sentido de reino, domínio ou governo. Por isso, na oração do Senhor, pedimos ao Pai pela vinda do Reino, isto é, para que a vontade de Deus, Seu governo, seja feito na terra, que o Seu domínio se complete (Mt. 6.10). O Reino de Deus, conforme designado por Jesus para os seus discípulos, é uma “ordem de honra real”, isso porque onde estiver o Rei, ali estará o Reino (Lc. 22.29). O Reino de Deus, nas palavras do Senhor, é prioritariamente eschaton – futuro, mas também presente (Lc. 17.21). Para a Igreja Jesus já é o Rei, mas Ele precisa tornar-se Rei, essa é a temática do Novo Testamento (Fp. 2.10). A vinda plena do Reino de Deus consumará o fim da era presente e inaugurará a Era Vindoura. O final da Era Presente resultará no julgamento do Diabo (Mt. 25.41), a formação de uma sociedade redimida (Mt. 13.36-43) e a comunhão perfeita em Deus (Lc. 13.28,29). Isso poderia ter acontecido no tempo em que Jesus veio a terra, mas os judeus O rejeitaram, por isso, foi tomado pelos outros (Mt. 8.12), por conseguinte, os súditos do reino de Jesus são aqueles que aceitam a Sua palavra (Mt. 13.38). Para esses, o Reino de Deus é uma realidade presente, pois “é chegado a vós” (Mt. 12.28). Satanás continua ativo, ele subjuga os indivíduos, distanciando-os do Reino (Mt. 13.19). A vitória do Reino de Deus é espiritual, quando essa se completar acontecerá o triunfo final de Deus sobre o Inimigo (I Co. 15.25). Os fariseus quiseram saber de Deus quando o Reino haveria de se manifestar, o Senhor respondeu-lhes que este já se encontrava entre eles, ainda que não da maneira que eles aguardavam (Lc. 17.20,21).

CONCLUSÃO: O Reino de Deus é recebido dentro do ser humano, isso fica evidenciado em Mc. 10.15. A mensagem de Jesus se diferencia do judaísmo rabínico, pois Ele modificou a linha do tempo. A igreja, nesse contexto, vive entre duas Eras, a Era do Futuro, inaugurada pelo Cristo ressuscitado (Mt. 28.18), mas que foi invadida pelos poderes satânicos (II Co. 4.4; Ef. 6.12). No futuro, quando o Milênio for instaurado (Ap. 20.4-6), a Era Vindoura será iniciada (Ap. 21.2,3). No presente, os súditos do Reino vivem em amor, devoção, prazer, submissão, dever e gratidão (Rm. 5.5; II Co. 9.13; Lc. 18.1; Jn. 2.9). Esses põem o Reino de Deus em primazia (Mt. 6.33), e por causa do Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap. 19.6) passam por tribulações (At. 14.22). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!